O esperado remake de 'Vale Tudo', que estreou no final de março no horário nobre da Globo, tem suas qualidades, entre elas, a escolha assertiva de (alguns) atores e trilha sonora. Ao mesmo tempo que traz vigor com temas relevantes, com a cobrança pela pensão alimentícia, por outros, peca de forma gigantesca.
Aqui vai a lista de tramas mais chatas que tornam a novela incoerente.
Na versão original, Cecília e Laís, respectivamente, Laila Deheinzelin e Cristina Prochaska, ficaram completamente apagadas ao decorrer da trama. A rejeição à homoafetividade resultou na morte de uma das personagens. Décadas depois, pouca coisa mudou. Cecília (Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima) permanecem apagadas, sem relevância na narrativa.
Para piorar, a pousada administrada por elas praticamente não existem na história: não recebe hóspedes, não tem cenas marcantes e não serve nem como espaço de passagem. Se ao menos algum personagem tivesse dado uma escapada até lá para curtir o belo cenário, já haveria uma função para justificar sua presença na novela.
Os internautas não perdoam, e com razão. Sarita (Luara Telles) era o xodó de Marco Aurélio (Alexandre Nero) até o mês passado. O executivo tinha tamanha obsessão pela sobrinha a ponto de roubar os documentos de adoção.
De uma hora para a outra, passou o efeito, e o homem só pensa em roubar o dinheiro de Odete (Debora Bloch), principalmente agora que ganhou Leila (Carolina Dieckmmann) como aliada. Faltou sensibilidade, Manuela Dias.
Heleninha (Paolla Oliveira) deveria ser a personagem mais compreendida do remake de 'Vale Tudo'. A milionária sofre dependência do álcool, e a grande justificativa para o trauma é a culpa pela suposta morte do irmão, Leonardo (Guilherme Magon).
No entanto, mesmo com o público sabendo que ela não é a responsável pela tragédia, não a perdoa. Isso porque Heleninha se vitimiza o tempo todo, deixando as pessoas ao seu redor como reféns de seus surtos. É nítido que há uma certa inversão de valores, pois o público torce pelos puxões de orelha de Odete na filha. Já vai tarde, Heleninha!
As comparações entre a Maria de Fátima de Bella Campos e a de Glória Pires, em 1988, são inevitáveis. Mas para quem acompanhou as duas versões, sabe que existe uma diferença significativa no comportamento da personagem.
A atual filha de Raquel continua ambiciosa e manipuladora, mas ganha uma camada de futilidade que a torna mais superficial e, por vezes, irritante.
Vale frisar que a atuação de Bella Campos não ajuda. Nesse momento da trama, ela está usando o dinheiro do marido para se tornar uma grande influenciadora, o que reforça sua desconexão com a realidade.
Em 1988, César, vivido por Carlos Alberto Riccelli, já era um personagem apático. Bonito, sensual e envolvente à primeira vista, ele funcionava mais como apoio ao protagonismo explosivo de Maria de Fátima do que como uma figura realmente marcante.
Na nova versão, pouco mudou. Apesar do charme e da boa aparência, o personagem segue sem camadas que o tornem cativante ou inesquecível.
As investidas profissionais dele nessa nova versão só mostram que a autora não sabe como usá-lo. Além de michê, ele vendeu bebê reborn (tema que foi descartado em minutos), agora produzirá conteúdos adultos para o Onlyfans.
Aldeíde (Karine Teles) teve uma ótima construção no começo. Autêntica, ela nunca teve medo de usar o que gosta e de ser quem é. Uma das cenas mais esperadas - e melhores da novela até então - foi quando ela enfrentou Marco Aurélio.
Depois que virou uma viúva rica, entrou para um núcleo cômico mal desenvolvido, obcecada por se tornar sócia do clube sem explicação plausível. Virou figurinha carimbada de cenas de café e fofoca.
Desde o início da trama, Ivan (Renato Góes) se mostrou um homem ambicioso que não mede esforços para ter o que deseja. Momentos depois de terminar com Raquel (Taís Araújo), casou-se com Heleninha (Paolla Oliveira). Isso só mostra a falta de caráter do homem.
Além disso, o funcionário da TCA parece sempre triste, de mal com a vida: não sorri, não se diverte, não é feliz. Raquel não é a melhor personagem da novela, mas merece coisa melhor.